terça-feira, 8 de julho de 2008

Aprenda com as crianças

Aprenda com as crianças
"Precisa-se: Professor. Devera ter a sabedoria de Salomão, a paciência de Jó e a coragem de Davi".
Este é o anúncio que eu mandaria publicar se - quisesse encontrar o professor de catecismo ideal. Eu mesmo tentei esse trabalho durante três anos e, por experiência própria, acrescentaria que ajuda se o professor tiver a capacidade de Jonas para ressurgir sorrindo, a fé dos primeiros cristãos no Dia dos Leões no Coliseu e a confiança que tinha Noé, de que a viagem vale o trabalho.
Mas, se foi um período difícil, foi também um prazer. Minhas experiências e as de meus colegas professores mostram as maravilhosas percepções das crianças quando se deparam pela primeira vez com os mistérios da fé.
As crianças têm uma faculdade fantástica de reduzir o inexplicável aos termos delas. Vejam a criança explicando como Deus cria as pessoas:
"Primeiro Ele nos desenha e depois Ele nos recorta". Ou a criança descrevendo o que é um halo: "os santos têm aquela rodinha em cima da cabeça e sempre procuram andar com cuidado para ficarem bem debaixo dela. A rodinha acende".
Às vezes não é possível dizer as coisas com mais precisão, como no caso da criança descrevendo a diferença entre protestantes, católicos e judeus: "São apenas maneiras diferentes de votar em Deus".
Uma lógica clara e irrefutável é o privilegio das crianças. Vejam o guri a quem perguntaram o que é preciso fazer para se obter o perdão do pecado; respondeu ele: “Pecar”. Ou a criança que ouviu a história do Filho Pródigo pela primeira vez. “No meio de todas as comemorações pela volta do filho Pródigo”, disse o professor, “havia uma pessoa para quem a festa não trazia alegria alguma, só amargura. Sabem me dizer quem foi?’” “O novilho gordo?”, sugeriu uma vozinha triste.
Uma lógica inversa parece aplicar-se no caso de uma criança que tinha acabado de ouvir a história do Bom Samaritano. "o que é que isso te ensina?", perguntaram-lhe. "Que quando estou em apuros, alguém deve me ajudar".
Logicamente, também, as crianças relacionam as alusões bíblicas com o mundo em que vivem. Se não sabem a resposta a uma pergunta, logo sua imaginação borbulhante Ihe fornece uma. Quando perguntaram a um menino por que não havia mais oferendas de incenso a Deus, sugeriu: "Poluição do ar". Uma de minhas preferidas no departamento da "lógica interna" e a história de um pastor mostrando um quadro de Cristo a uma criança. Não é realmente Jesus, explicou ele, e sim a concepção que o artista tem dele. “É, mas parece-se demais com ele", disse a criança.
Quem já ouviu criancinhas rezando sabe que esses momentos são cheios de surpresas, resenhas familiares e vislumbres do que se passa na cabeça da criança. Um garotinho, sentindo com um castigo, acabou suas orações com bênçãos costumeiras para todos os membros da família menos um. Então, virando-se para o pai, disse: "Acho que você reparou que não estava na minha oração".
As orações das crianças têm uma intimidade e franqueza espantosas. Uma criança, quando teve permissão da mãe para ir a um piquenique que ela havia vetado anteriormente, disse: "E tarde, mamãe. Já rezei para que chovesse".
Professores de catecismo deparam com perguntas que há séculos vêm fazendo os doutores em Teologia arrancarem os cabelos, tais como: "Se Deus nos criou todos a sua imagem e semelhança, por que alguns são feios e maus?". As respostas das crianças muitas vezes são melhores do que as nossas. A pergunta: "Por que só existe um Deus?", uma criança respondeu: "Porque Deus enche todos os espaços e não há lugar para outro". Quando pediram a um menino para explicar a diferença entre o papel do Criador e do Salvador, ele o fez com uma concisão extraordinária: "Deus nos traz e Jesus nos leva".
A fé das crianças tem uma inocência - uma confiança e franqueza - que reflete o verdadeiro sentido da Bíblia quando diz: "Aquele que não receber o reino de Deus como menino, de modo algum entrará nele".

Dick Van Dyke astro de TV e cinema dos USA

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