quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Cosme e Damião

No século III, na Arábia, nasceram os gêmeos Cosme e Damião. Filhos de uma família nobre estudaram medicina na Síria e forma exercer seu ofício em Egéia, onde entraram em contato e se tornaram fervorosos seguidores do Cristianismo.
Usaram sua arte médica para curar os necessitados e não cobravam por seus serviços médicos, sendo conhecidos como os que não são comprados por dinheiro. Através de seu ofício e de sua fé apresentavam Cristo.
Cosme e Damião viveram alguns anos como médicos e missionários na Ásia Menor, chamando a atenção das autoridades locais da época. Quando o Imperador Romano Diocleciano autorizou a perseguição aos cristãos, por volta do ano 300, foram presos e levados ao tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçaria e de usarem meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam, pois negavam os deuses romanos.
Questionados quanto às suas atividades, Cosme e Damião responderam que curavam as doenças em nome de Jesus Cristo e por seu poder. Ameaçados e torturado, continuaram se recusando a adorar os deuses romanos, que não tinham poder algum sobre eles e que só adorariam o Deus único, Criador do Céu e da Terra.
Como não renunciaram aos princípios religiosos cristãos sofreram terríveis torturas, que foram inúteis. Em 303. o Imperador decretou que fossem decapitados.
Cosme e Damião foram martirizados neste ano, na Egéia tendo seus restos mortais transportados para a cidade de Cira, na Síria, onde foram depositados numa igreja a eles consagrada.
No século VI uma parte das relíquias foi levada para Roma e depositada na igreja na igreja que adotou o nome dos santos. Outra parte dela foi guardada no altar-mor da igreja de São Miguel, em Munique, na Baviera.
Os gêmeos são cultuados em toda a Europa, especialmente Itália, França, Espanha e Portugal.
No Brasil, sua devoção chegou junto com o colonizador e já em 1530, na cidade de Igaraçu, em Pernambuco, foi construída uma igreja em sua homenagem.
Cosme e Damião apadrinham os médicos e farmacêuticos, mas por causa da sua simplicidade e inocência, são também protetores das crianças.
A vida dos santos gêmeos está mergulhada em lendas misturadas à história real.
O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles desde o século V., São relatos da existência, em certas igrejas, de um óleo santo, que lhes levava o nome, que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis.
No Brasil, a devoção trazida pelos portugueses misturou-se com o culto aos orixás-meninos (Ibjis ou Erês) da tradição africana yorubá.
São Cosme e São Damião, os santos mabaças ou gêmeos, são tão populares quanto Santo Antônio e São João. São amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, no dia 27.
No dia 27 as crianças saem às ruas para pedir doces e esmolas em nome dos santos e algumas famílias aproveitam para fazer um grande almoço, servindo a comida típica da data: o chamado caruru dos meninos.
Segundo a lenda africana, os orixás-crianças são filhos de Iemanjá, a rainha das águas e de Oxalá, o pai de toda a criação.
Outras tradições atribuem a paternidade dos mabaças (gêmeos) a Xangô, tanto que a comida servida aos Ibejís ou Erês, chamados também carinhosamente de “crianças” é a mesma que é oferecida a Xangô, o senhor dos raios, o caruru.
Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé em relação às representações de São Cosme e São Damião é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete (7) anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Junto com o caruru são servidas também as comidas de cada orixá, e enquanto as crianças se deliciam com a iguaria sagrada, à sua volta, os adultos cantam cânticos sagrados (oríns) aos orixás.
A Igreja Católica comemora o dia dos Santos em 26 de setembro. Na Umbanda, eles são homenageados no dia 27 de setembro.
A falange de Ibejí, também chamados "crianças", é composta de meninos e meninas de todas as raças e idades. Em geral, as cores que os representam são o azul e o rosa, conjugadas com o branco. Os Ibeji são chamados de Erês e, também, de Curumim.
Também são sincretizados com os Ibeji os gêmeos Crispin e Crispiniano, cuja homenagem é realizada nos Terreiros de Umbanda no dia 25 de outubro.

Adaptado de material encontrado em: http://www.uniafro.com.br/saocosmeedamiao.htm

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